Terra Prometida

Promised Land

Mar que sopra

Terra Prometida

Zygmunt Bauman (1925-), afirma que vivemos atualmente num mundo líquido. Tudo é fluído, sem forma e em movimento, contrariamente aos tempos do modernismo em que o mundo era sólido…

Tudo teve início com o exacerbar das questões relativas à liberdade individual em desfavor da segurança. Aceitamos perder segurança em prol da liberdade, melhor da sensação de liberdade…Segundo Bauman, a liberdade e a segurança são as duas pedras basilares da felicidade do homem, mas dificilmente podem existir em conjunto, na medida certa.

Partindo do princípio que no ser humano existe uma incompletude que nos faz andar em eterna busca por algo, o el dorado do Homem, a verdade, a terra prometida, passou a depender mais da construção e afirmação da nossa identidade própria do que em cumprir corretamente um papel que nos havia sido determinado previamente, dependendo da classe, sexo, cor, nacionalidade, etc.

A afirmação da nossa identidade na comunidade onde nos inserimos, passou a ser crucial para possibilitar a nossa inclusão nela mesma.

Mas o mundo está a mudar vertiginosamente. A era da globalização e a sociedade tecnológica permitiram que o nosso referencial para a formação de identidades se tornasse múltiplo.

A crescente dominação da sociedade de consumo – de bens, de informação, de cultura, de lazer, postos à nossa disposição com uma facilidade avassaladora – e o aproveitamento que o sistema económico faz da nossa eterna busca, levou a que a identidade esteja hoje e cada vez mais associada ao ter, ao saber e ao fazer muitas coisas, do que propriamente ao ser.

Assim, o Homem, que procura a sua inclusão através do encontro e afirmação da sua identidade, perde-se num mundo de infinitas escolhas e referenciais, carregando o peso da escolha de uma opção, em conjunto com o peso das infinitas outras que ficam de lado, sentindo cada vez mais o peso da responsabilidade do seu próprio fracasso. Assim temos (somos) o Homem actual, fragmentado, inseguro e virado para si mesmo. Angustiado e ansioso, numa correria constante na tentativa de preencher o vazio que, cada vez mais se aprofunda.

As próprias opções de escolha, os bens e serviços postos à nossa disposição deixam rapidamente de entusiasmar e tornam-se transitórios e descartáveis, destinando-se apenas a manter o desejo vivo e não a sacia-lo. O desejo é o próprio desejo. Deseja-se o desejo.

É neste contexto que surge a negação do real. Antes uma fuga, refugio. A nossa terra prometida.”

M.A. Abril 2016

O PINTOR E A ALMA

 

ESTE MAR, ESTE MAR

QUE SOPRA A NAVEGAR

É PINTURA, É UM CORPO,

UM SER VIVO A RESPIRAR!

(- TERRA REDONDA QUE FLUTUA,

SENDO MINHA É MAIS TUA,

É QUADROS, É MOMENTOS,

BARCOS Á TONA, A ARFAR,

PINCELADA DE INFINITO,

O ABAFADO DE UM GRITO

NA MINHA ALMA A BOIAR…)

Daniel Nobre Mendes, 2016

Terra Prometida

Mar que sopra